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quinta-feira, 21 de março de 2013

Limpeza mal feita ou ‘pressa’ podem explicar alimentos contaminados



Produção de bebidas de caixinha, como o suco Ades, deve seguir procedimentos

Lílian Cunha, O Estado de S.Paulo


SÃO PAULO - O recente problema do suco de maçã Ades pode ter colocado um ponto de interrogação na cabeça de muitos consumidores: os produtos industrializados são seguros? Por enquanto, as autoridades ainda apuram o que houve com a marca de suco da Unilever. Mas fontes ouvidas pelo Estado relataram quais tipos de erros podem causar problemas como esse, em que consumidores ingeriram produto de limpeza em vez de suco.


A linha de produção de indústrias de bebidas vendidas em caixinha geralmente usa equipamento fornecido pela empresa de embalagens. No Brasil, a sueca Tetra Pak e a suíça SIG Combibloc dominam o mercado. Para garantir os padrões de qualidade, as fabricantes das máquinas dão uma série de recomendações às empresas.


"Quando é preciso parar a produção de um produto e começar o envase de outro, de outro sabor, por exemplo, a máquina (de produção de bebidas em caixinha) precisa ser parada e passar por um processo de limpeza, no qual são usados produtos químicos como cloro e soda cáustica. Só fica resíduo se essa limpeza for mal feita ou em desacordo com as instruções do fabricante do equipamento", disse o presidente de uma empresa de bebidas, cliente de uma das envasadoras, que preferiu não se identificar.


Em setembro de 2011, a PepsiCo, dona do Toddynho, admitiu que esse foi o problema do produto, após relatos de ardência e queimaduras na boca de consumidores. A empresa afirmou que, durante limpeza de equipamentos na fábrica, "uma das linhas envasou algumas embalagens" com uma mistura de água e detergente.


Já a Unilever informou que uma falha no processo de higienização causou o envase do suco Ades de maçã junto com solução para limpeza. Procurada, a empresa disse que não detalharia o problema.


Além disso, a "flexibilização" das normas de produção pode explicar os problemas. A empresa dona do equipamento recomenda que o primeiro lote produzido depois da limpeza da máquina passe por uma espécie de "quarentena" de uma semana, de 72 horas ou de no mínimo 48 horas, segundo um executivo de uma empresa envasadora que também preferiu anonimato. Parte desse primeiro lote, segundo o industrial, deve ir para laboratório para ser analisado, conforme, diz ele, recomendam as empresas. "Nesse período, o produto fica em estoque e em observação. A ideia é verificar se nenhuma embalagem estufa ou algo parecido", afirmou.


"Não sei o que aconteceu na Unilever", diz o executivo da empresa envasadora. "Mas sei que realmente há muitas empresas que dão um jeito de flexibilizar as normas de uso de nosso equipamentos."


Segundo o presidente da empresa de bebidas, o que ocorre é que "às vezes, a companhia está com sobrecarga de pedidos e pula essas etapas. É aí que coisas desse tipo (caso Ades e Toddynho) acontecem".


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