Condutores de caminhões, carretas e ônibus terão que fazer o exame na hora de tirar ou renovar a carteira. Abuso de drogas é comum nas estradas.
Os motoristas profissionais de
caminhões, carretas e ônibus vão passar por um exame que detecta o uso de
drogas em um período de 90 dias antes do teste.
A resolução é do Conselho
Nacional de Trânsito e determina que esse exame seja feito na hora de tirar ou
renovar a carteira. O repórter Wilson Kirsche mostra como funciona o mercado de
substâncias ilegais nas estradas.
Na cabine, um abuso declarado,
bem conhecido por motoristas que não usam, mas são testemunhas do consumo entre
os colegas. “Não estão tomando rebite, estão cheirando pó mesmo”, diz um
caminhoneiro.
“Cocaína, crack, maconha”, afirma
outro caminheiro.
Eles contam que o mercado
clandestino transforma pátios e estacionamentos em pontos de tráfico. “Qualquer
lugar que você chegar, acha. É como comprar doce no mercado”, diz um
caminhoneiro.
É esse perigo que está na mira da
lei. A resolução do Contran vai tornar obrigatório o exame toxicológico ,que
detecta consumo de drogas, para emissão e renovação da carteira de motorista,
nas categorias C,D e E. As análises terá que ser feita em laboratório
credenciado, e o laudo apresentado junto com os exames exigidos pelo Detran.
Para os testes serão coletadas
amostras de cabelos, pelos ou unhas. O exame vai mostrar se houve uso de
maconha, cocaína, crack ou anfetamina até 90 dias antes da coleta. “A queratina
presente nos pelos e cabelos aprisiona pequenas moléculas das drogas, tornando
possível que nós as detectemos por um período maior. O resultado sai em
aproximadamente 15 dias”, explica o diretor de laboratório Vicente Milani.
Se o resultado der positivo para
o uso de drogas, a resolução também permite que seja feita uma contraprova, até
90 dias depois do exame. O motorista só vai poder retirar ou renovar a
habilitação se esse novo teste der negativo.
O sindicato dos caminhoneiros
reconhece que o rigor do exame vai barrar muita gente, e que será preciso fazer
campanhas de conscientização entre os profissionais. “Tem que investir muito
nessas campanhas, nessas orientações, para que a gente possa ter uma equipe
boa”, ressalta Carlos Dellarosa.
Transportadoras ouvidas pelo Bom
Dia Brasil apoiam a medida, mas afirmam que não têm como arcar com o custo do
exame, de R$ 350 a R$ 400. O teste teria que ser bancado pelos motoristas.
“Para ele ser contratado pela empresa ele vai estar com os documentos todos em
ordem, vai ter que estar. Então esse custo vai ser repassado para ele,
infelizmente”, diz a supervisora de transportadora Débora Quaglio.
Mesmo assim, dentro da boleia, a
aprovação é quase geral. Os caminhoneiros sabem que esse vai ser o preço da
segurança. “Quanto menos louco na estrada, melhor”, diz um caminhoneiro.
A resolução já foi publicada, mas o Contran deu prazo até julho do ano que vem para começar a exigir o exame.
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